segunda-feira, 30 de abril de 2012

O Corpo


Olhos inquietos que teimaram em abrir de hora em hora nesta madrugada fria. Chega, não adianta insistir se o sono não vem. Olhei para o relógio antigo, que fazia tic... tac a cada segundo, me levantei, mesmo sabendo que era manhã de domingo. Fui em direção ao banheiro, abri a torneira e a água parecia congelada, escovei meus dentes, mal lavei meu rosto e não parecia ser verdade; mas era mesmo o toque da campainha que eu ouvia.
Quem poderia ser naquela manhã tão gelada, tão mal clareada e tão mal amanhecida?
Enxuguei-me rapidamente, sai do banheiro tonteante e fui em direção à porta. Destranquei a fechadura e o coração batia no peito descompassado. De susto ou por medo? Quem seria naquele momento?
Pedi coragem e a abri. No primeiro momento na altura dos meus olhos, não vi ninguém, mas senti que algo tocava meus pés, um corpo deitado no chão. Um homem mal vestido, mal cheiroso, imundo estava ali, caído na soleira da minha porta.
Corri o olhar para um lado e para o outro, havia muita friagem naquele 7º andar; mas ninguém no corredor.
Como aquele corpo chegou até ali? Será que foi deixado por alguém? Com as pernas trêmulas e aterrorizado, abaixei-me para tocá-lo. O corpo estava realmente frio, frio até demais, intacto e morto.
Constatei que era um cadáver, havia um cadáver em minha porta!
Gente boa ou gente inútil?
Não sei.
Atacada pelo senso de responsabilidade peguei o telefone e disquei para a polícia.
Minutos depois, todos estavam ali, aquela aglomeração no corredor do 7º andar.
A mim não restava mais o que fazer, já movido pela minha boa fé, voltei para meu quarto e dormi.

                                                            Fabiana

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