sexta-feira, 13 de abril de 2012

Minha experiência com a leitura não foi algo muito fácil... Lembro-me de minha primeira professora, "Tia Helena", uma senhora com uma certa idade. Utilizávamos a Cartilha Caminho Suave (será que ainda existe?)
Cada aula ela fazia chamada oral com as lições: desde o ba-be-bi-bo-bu até o za-ze-zi-zo-zu. Até então não tive dificuldades, mas quando chegou na lição da flecha (2 consoantes, o "l" no meio) não conseguia, por mais que eu tentasse o máximo que eu pronunciava era "frecha". "Tia Helena" pediu para que eu estudasse novamente a lição em casa para o dia seguinte e disse que eu não avançaria na cartilha se eu não estivesse falando corretamente e que isso faria com que eu ficasse atrasada em relação aos demais alunos da sala. Recordo-me da minha tristeza por não conseguir... Em casa por mais que eu tentasse pronunciar a bendita da palavra, não conseguia. Chorei. Chorei muito. Minha mãe ficou nervosa, pois não sabia como ajudar-me.
No dia seguinte minha mãe foi à escola para conversar com a professora e saber o que ela podia fazer para que o problema solucionasse. Para meu alívio e alegria, a "Tia Helena" havia faltado, sendo substituída pela "Tia Malu". Minha mãe foi embora sem conversar com alguém, afinal, na cabeça dela, o que uma substituta poderia fazer para ajudar-me? Durante as aulas, a "Tia Malu", com o intuito de conhecer os alunos, pediu para que falássemos um pouco sobre nós mesmos. Então ela percebeu que algo não estava bem quando expressei meu sentimento de nunca mais querer ver a "Tia Helena". Obviamente "Tia Malu" ficou curiosa, afinal não é normal na 1ª série os alunos desejarem nunca mais ver sua professora... Ao contar minha história, "Tia Malu" disse algo mais ou menos assim: "Patrícia, não desista. Você consegue. Hoje, ao chegar em casa, leia a lição da 'flecha' dez vezes em frente ao espelho. Você vai conseguir!" Foi o que fiz e, para minha surpresa, havia dado certo! No dia seguinte li a lição da flecha para "Tia Helena" e pude acompanhar as demais lições com meus colegas da classe. Ah, "Tia Malu"! Até hoje eu não entendo que "mágica" aconteceu, mas funcionou. Nunca tive a oportunidade de agradecê-la, pois nunca mais a vi. A partir daí, todas as vezes que eu encontrava dificuldade ao pronunciar uma palavra, eu recorria ao espelho...
 
Quando criança, ganhava mesada semanal de meus pais e todo domingo, quando meu pai ia a banca comprar jornal, eu comprava, com minha mesada gibis da Mônica, Cebolinha e Chico Bento... Adorava essas personagens! A Mônica porque era uma menina que me identificava muito - adorava quando ela batia no Cascão e Cebolinha quando eles aprontavam alguma, pois era o que queria fazer com meu irmão mais velho quando ele mexia comigo, rsrsrs, mas não dava muito certo, afinal, além de ser menino, como já disse, era mais velho... O Cebolinha eu gostava porque na verdade eu me identifiquei com ele, já que também tive problemas na pronúncia das palavras, como já disse numa mensagem mais acima - o Cebolinha troca o "r" pelo "l", comigo era o contrário: trocava o "l" pelo "r". Já o Chico Bento eu era apaixonada por este caipira porque fazia-me lembrar dos passeios no sítio de meu avô, que era uma pessoa incrível. Não me lembro exatamente quando me apaixonei pelos livros, mas com certeza minha paixão pela leitura iniciou-se com os gibis. Aos poucos fui trocando os gibis pelos livros.
Passado meu trauma com minha alfabetização, tornei-me uma "devoradora de livros" na adolescência... Adorava ler a série de livros "Vagalume - Para Gostar de Ler" e Monteiro Lobato. Mas o que eu realmente amava eram os mistérios de aventuras de Sir Arthur Conan Doyle e sua mais famosa personagem, Sherlock Holmes e Agatha Christie, com diversas personagens famosas, como Miss Marple, Tommy e Tuppence Beresford, Parker Pyne e o por mim mais adorado, Hercule Poirot. Gostei tanto desse gênero que, já na faculdade, me apaixonei pelas histórias de Edgar Allan Poe, na Literatura Inglesa.
Mas voltando para minha adolescência, na Física, a 3ª Lei de Newton (principio da ação e reação) diz que "toda ação tem uma reação", e no meu caso a leitura rendeu-me um prêmio em redação... Num dos aniversários do Aeroporto de Viracopos, aqui em Campinas, ganhei, em 1º lugar uma viagem, com hotel incluso, para Fortaleza. Ou seja, quanto mais lemos, mais criativos somos e como consequência, melhor escrevemos. Logo com a ação de ler temos a reação de escrever bem.
 

3 comentários:

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  2. Muito legal sua publicação e relato de sua vida leitora, gostei de você ter citado sobre a 3º Lei de Newton, como professor de Física fico feliz que você tenha citado em seu relato esse grande homem da ciência, isso nos faz ver que todas as disciplinas realmente podemos trabalhar com a leitura e a escrita.

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  3. Muito bacana a sua experiência,como existem situações que marcam a nossa vida hein!

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